O negro de fumo é um material produzido pela combustão incompleta de carvão, alcatrão de carvão, matéria vegetal, ou produtos petrolíferos, amplamente utilizado como matéria-prima em diversas atividades industriais, incluindo a produção de tintas. Devido às suas propriedades e ao potencial de exposição no ambiente de trabalho, o negro de fumo é rigorosamente regulamentado como a NR 15 e na ACGIH, além de ser considerado em programas tais como a insalubridade, o LTCAT e o PGR.
A avaliação adequada dos riscos associados ao negro de fumo é, portanto, crucial para a saúde dos trabalhadores, exigindo a determinação precisa de laudos e a gestão de riscos. Embora o procedimento de avaliação possa parecer direto, ele apresenta desafios significativos. Acompanhe aqui para saber mais.
Como é realizada a avaliação de negro de fumo?
Diferentemente de outros agentes químicos cujos limites de exposição são definidos na NR 15, o negro de fumo possui regulamentações específicas estabelecidas pela Portaria DNSST n.º 09, de 09 de outubro de 1992. Esta portaria detalha o procedimento para avaliação da exposição ao negro de fumo no ambiente de trabalho, que deve ser realizada conforme o seguinte protocolo: a medição da exposição deve ser feita por meio da técnica de ‘Média Ponderada de Tempo’, com duração mínima de 360 minutos, na zona respiratória do trabalhador. Para a coleta, é utilizado um equipamento de alto fluxo calibrado para 2,0 L/min, juntamente com um filtro de membrana de PVC de 37 milímetros de diâmetro e porosidade de 5,0 micrômetros, sendo o material coletado analisado posteriormente por gravimetria.
Internacionalmente, o método adotado é bastante similar, com a principal diferença na vazão de coleta, que varia entre 1,0 a 2,0 L/min. Esta pequena variação reflete a adaptação dos padrões internacionais às especificidades locais, mas mantém o princípio fundamental da medição precisa da exposição ao negro de fumo.
Principais problemas da avaliação
Como observado na metodologia de avaliação anteriormente descrita, a análise gravimétrica, que consiste na pesagem do filtro antes e depois da coleta, é central para a determinação da exposição ao negro de fumo. No entanto, este método apresenta desafios significativos que podem comprometer a precisão dos resultados. Uma das principais limitações é que, por não ser uma técnica específica para o negro de fumo, a presença de outros particulados no ambiente, dentro da mesma faixa de coleta, pode resultar na superestimação dos níveis de exposição. Isso ocorre porque a diferença de peso medida no filtro reflete a massa total capturada, sem discriminar entre o negro de fumo e outras partículas presentes no ar.
Além disso, a recomendação de uma vazão de coleta de 2 L/min por um período mínimo de 360 minutos pode levar à saturação do filtro amostrador em ambientes com alta concentração de particulados. Essa saturação não apenas interfere na eficácia da coleta, mas também pode distorcer os resultados, sugerindo níveis de exposição que não correspondem à realidade.
Estratégias de avaliação e controle de exposição ao Negro de Fumo
Antes de proceder com qualquer medição direta de exposição ao negro de fumo, é fundamental realizar uma avaliação preliminar dos riscos presentes no ambiente de trabalho. Isso inclui a identificação dos agentes potencialmente perigosos e a análise dos possíveis particulados presentes. Com essa compreensão prévia, é possível antecipar a superestimação dos resultados devido à presença de outras partículas. Em muitos cenários, pode-se concluir que medidas diretas de medição podem não ser as mais indicadas. Em vez disso, priorizar a implementação de controles ambientais para reduzir a concentração de particulados no ar pode ser mais eficaz. Quando a exposição não pode ser adequadamente controlada por meios ambientais, o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) deve ser considerado como um recurso adicional.
Adicionalmente, para evitar a saturação do amostrador devido à alta concentração de particulados, pode ser benéfico empregar múltiplos dispositivos de coleta e considerar a redução do tempo padrão de coleta de 360 minutos para períodos mais curtos. Essas abordagens alternativas podem ajudar a obter estimativas mais precisas da exposição ao negro de fumo, minimizando os impactos dos desafios metodológicos enfrentados.
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